foto: carlos silva
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IL TOMBE DES
CORDES
Há sol a
mais entre o girar quando os olhos assim semicerrados
atentam no
pélago de cada coisa radiosa
- um
fragmento de barro, a rede ao lado da água, a velhice do poço, de um sótão, uma
claraboia -
a potência
do sal trespassa os búzios nos olhos
porque quando
se é inteiro não se tem que amar uma só realidade
da mão ao
punho são muitas estações onde o toque naufragado se espraia
e se comove
a cada sulco da memória singular
a roda será
sempre a mesma que reconhecemos da carne exposta
sem que ela
interrogue o seu desígnio circular
tal como da
arte não questionamos seus alinhamentos
ou do
infinito seu bago de ouro, por mais pequeno
aprendemos
que nas cordas os laços são expansivos
que nas
combinações contadas e definitivas se perece internamente
mesmo
reconhecidas as pontas, a ferrugem, o ferro
- a
cruentação do enforcado, os ossos de Seth, as presas do chacal –
mesmo o
ferro negado do templo
perece-se intimamente:
a corda é
sempre corroída, as pontas dos dedos, o terno ângulo simétrico aceso que
aguarda
ou a âncora
imersa por trás das atlânticas pálpebras
quando somos
apenas nós quem ousa esperar e oxidamos
cada coisa
em si é maior, é diante do seu incêndio salubre e autêntico que nos debruçamos
e ficamos à
escuta, como se por pararmos algo na roda arvorasse os crânios - monárquicos
celestes, humanos – pela grande corda em tensão que fecunda a terra
nada no
círculo arrasta o milhar de formas outras,
um voo de
constelações diferentes, um sorriso luminoso, ou as cordas serem escassamente
chuva
as raízes
visíveis com que se atam os ventos ou o coração oval no meio da caverna
ou a cabeça
fundeada no navio que predissera tudo
e as coisas continuam
ali
activas
e a sua
linguagem é-nos ilegível como um quarto sombrio
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constanza muirin