19 de novembro de 2012

a sagração da primavera interior

(foto: carlos silva)

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a sagração da primavera interior

lanternas de fósforo na costela de ogum:
esburacadas pálpebras. cáustica meditação.
meus cílios de atanor em ave-espelho!

direis, pleroma, lego de lua em prisma?

porém, eis a boca das crateras, em argumentações de pirineus.
são azuis dentro de verdes. apeteces? céu filtrado de floresta!
sim, fogo. fátuo. cobalto de ferreiro. meu focinho de dragão.

um horto de oliveiras, na tentação da fortaleza. sofro de muralhas.
extingues? com pés de gueixa e dança de jack-o'-lantern!

sondas, que há mais no terreno do corpo, a tenda-pira:
patas, cópulas, glândulas de velhos alquimistas.
e a sibila-entidade, soprada por garotos parafínicos,
cremando seu nome em grimórios de celofane.
(não sabem que o chamam).

são quatro estrelas nos cardeais da rosa, persas oscilatórios.
conseguirás sustentar o peso planetário deste balé massivo?
abrasas. ele te vestirá a máscara. não há artifícios.
pêlos florais. arde-nos.

andréia carvalho gavita


16 de novembro de 2012

prendo no anzol

(foto: carlos silva)

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 prendo no anzol
da túa boca anfibia
veiga alagada

elvira riveiro

13 de novembro de 2012

encolhida

(foto: carlos silva)

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"Encolhida. Tão encolhida. Até o horizonte sumir.
Dói a supressão do ar e da luz, dói a míngua de ser. Dói a
abertura ténue que não protege.
O entorno forte e vagamente sólido serve apenas para
exacerbar a luz fria. Um olhar falso, uma miragem. Um assalto de fora à íntima recolha de ser: por dentro das pedras, do saibro, das sombras, do interno e sôfrego ninho.
Encolhida na humana paisagem, engano na lente do fotógrafo. "

Almerinda Alves