29 de outubro de 2012

aquela papoula

foto: carlos silva

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aquela papoula

olhaste-me dessa acendalha negra que percorre o mundo,
pálpebra rubra e univalve, abre e fecha ao timbre da aurora.
aquém de nós existe um rio quente de sangue,
e um intercílio abraça os céus, além!
sei que as lágrimas estão ocultas no solo
a alimentar as fontes de prazeres.
nós, fechados em concha,
bebemos um no outro a cor viva do amor,
sem a sofreguidão do tempo.

Luísa Azevedo



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