7 de junho de 2013

a teia


foto: carlos silva

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a teia



fina e tenebrante
a luz,
é com as mãos que prendo
vasta, a guardadora de tempo
no teu útero,
− a teia.

de braços separados
de um corpo
tece mecânica e imprecisas as horas
neptunos e
halo, findo e esparso
de um tempo, a memória
no corpo desmembrado que tece, fina
a duração das horas,

submersão e chuva
ah, inquieta e devassa,
perscrutante, a aranha
cose e cospe
matéria interior do teu corpo
no útero-
-devassidão, 

esquinas de um tempo
na humidade ligeira
sal e o mar da areia −
− poeira
aranha e precipício.

alagadiços,
a meia luz, os tempos,
Vasta, a luz
que se entorpece
na ravina,
cose e cospe,
água e pó, fogo e vidro
celulares, átomos e perecíveis
de seda
a vegetação dos astros
no microscópico labor da boca seca ao útero
fiandeira,
palavras de poesia
e rainha,

é com os olhos que cavo
hoje
funda, a precipitação dos meus líquidos
nos teus
de cada dia −
− a chuva,
nos dais hoje,
no teu útero,
e
malabarismo de pernas e patas,

predadora
a nua e dureza
matéria de fotografia
animal,
aranha e mulher,
explosiva e exposta
na sobrevivência
de luz de cristal decantado
espiral e labirinto,

e agora morres,
teia de pó e ternura
aranha
de todos os tempos
trama
poeira e poesia.

***




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