25 de fevereiro de 2012

não tenho chão às vezes

(foto: carlos silva)

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Não tenho chão às vezes



Sem chão não vejo não sinto os pés
Caminho numa calçada sem calçado
Nus os membros inferiores que me reduzem
à locomoção sem locomotiva

Já fiz remover terras sobrantes entre
Entre os dedos que se fazem precipício

A estrada é sempre uma forma de prolongar
o que não sabemos

Não tenho chão às vezes
nem uma nesga de voo se a inquietação me pede
levantamento

Ando corro caio deslizo
O passo é qualquer coisa pensável
mais do que incerteza
paisagens
cosmos de dentro

Não tenho chão às vezes
Sou destituída de trilhados
Amante de névoas

Nublado está o córrego

Entrego os meus passos
ao corpo que me leva
andante.


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