(foto: carlos silva)
***
Não tenho chão às vezes
Sem chão não
vejo não sinto os pés
Caminho numa
calçada sem calçado
Nus os
membros inferiores que me reduzem
à locomoção
sem locomotiva
Já fiz
remover terras sobrantes entre
Entre os dedos
que se fazem precipício
A estrada é
sempre uma forma de prolongar
o que não
sabemos
Não tenho
chão às vezes
nem uma nesga
de voo se a inquietação me pede
levantamento
Ando corro
caio deslizo
O passo é
qualquer coisa pensável
mais do que
incerteza
paisagens
cosmos de
dentro
Não tenho
chão às vezes
Sou
destituída de trilhados
Amante de
névoas
Nublado está
o córrego
Entrego os
meus passos
ao corpo que me
leva
andante.
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