10 de julho de 2012

côncavo

(foto: carlos silva)

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Côncavo

Cólera nos meus olhos pequenos de passarinho morto
O pior chute é aquele que vem da inocência cortante das palavras
(a ainda menina e sua vulva violentada entre as coxas)
É preciso velar pelas bocas costuradas
Gosto de pintar homens sem faces
Subjugados pela insensatez dos ponteiros e de outros homens
- essa nossa vida anti-horário
A nos comer pelos pés.

Hoje as paredes caiadas discorrem mais a meu respeito
Do que cien años de soledad ao seu lado
De todo nosso amor anárquico
Restam-me ridículos pontos de luz furtados
Escapando rotos pelas venezianas trancadas
Agora seus gozos mancham outros úteros
Suas mãos convulsivas já não me dividem ao meio
Como a mim mesma – autoflagelo. 

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márcia barbieri
http://www.avidanaovaleumconto.blogspot.pt/

1 comentário:

  1. Gostei. Hoje em dia só judeu sabe o valor de uma palavra ( e olho lá). Fica aí também uma inocente homenagem, ao G. G Marquéz (cien años de soledad) que ultimente é alvo dos jornalistas por estar senil. Enfim, gostei da suas palavras leve cheias de sentimentos ruins latentes em suas viceras. (sou dislexico perdoe se sou arrevesado)

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