(foto: carlos silva)
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Ambocaçon pa la Luna Chena an Touro
a partir de ls bigotes de Ártemis Gátara
a partir do azul, Janela que entreabre para que o corpo
celeste penetre a Casa, invoco a cinta de la raposa e a transparência, para
entusiasmo do felis catus que ronrona sobre a Mãe.
o leite sorvido até que o corpo articule a marcha, a
mobilidade independente do receptáculo visível, é a continuidade da seiva que
se move emotivamente para o vagar das coisas – contemplações; para a
pressa – exaltações da infância terrena que é a vida.
pequenos infantes da mesma ninhada em corpos e cores
distintas, compõem a tela terrestre.
apesar da magnitude dos traços, dos movimentos subtis, do
entusiasmo, da presa e do predador a que a sobre_vivência impulsiona, apesar disso e do teatro
primordial, do paganismo ou das infecções existenciais, das lutas e das
quietudes; do Cosmos, só se avista o azul da Janela. Aberta ou fechada, em
correntes altas de Lua Cheia, serenidades celestes ao esplendor Solar, ou manto
divino de Selene nas suas variações de humor, forma, em perspectiva telúrica ou
da magia nocturna de Hécate, o azul é a cor dominante.
amamentar a preto e branco o Ser já nascido com bigodes,
que recebe as ondas mais vibrantes da Natureza, é sorte ao colo da cegueira.
o pequeno felino nasce para não ver, para se não ver.
higiene protectora da origem num ambiente atormentado pelo desnecessário. dorme
por sistema de conservação de energia.
preto e branco sugere o binómio – dois nomes – Ártemis
Gátara. ciosa de si para Si.
a cópula é dolorosa para as fêmeas, contudo atribui-lhes
a autonomia da procriação. fecundam óvulos separados que se reflectem na
pluricoloração dos filhos.
lamber é um ritual de limpeza. o prazer nasce da
despoluição.
possa a humanidade lamber a mente, urinar nos campos
sadios, ronronar o infinito de cada percepção
derramar-se no sono como caudal lácteo da selva virgem. Rom.
Amar é criar Rama. Om Namo Rama Om.
é Estar habitado pelos deuses. as divindades exaltam-se
entre Si.
subir ao telhado e uivar o cio é guerrear-Se.
o canto atrai as forças, abre canais de Energia Cósmica
sobre a pelagem de Ártemis Gátara.
descarregar o cio a céu aberto para atingir a plenitude.
Existir virado para dentro do ventre da Mãe.
a deusa Fastet dança a fertilidade em torno das searas da
memória.
a Janela é um pedaço de floresta esculpida pelo homem.
Artemis Gátara presencia a Unidade de uma linhagem
milenar.
co-habita miando a tolerância, minimizando o artefacto
dos dias. no conforto circunscrito só a meditação viaja, descobre novos mundos.
desfazendo a meada, tudo habita nos olhos de um gato mas
não se pode morar neles.
a Suspeita arranha e desnuda a veia da ousadia. ROm.
o que a alvura dos bigodes captam a partir da escultura
Aberta, só a memória Cósmica lembrará na cadência das estrelas.
nesse altar do mundo em que felis Gátara ronrona
redime-se a pequenez no cálice do olhar.
a humanidade formiga-se em torno do frasco de açúcar.
o Sabor é um rio no palato divino, sagra-se no organismo
dos Simples. na lembrança da imaginação de um pardal, mia o desejo evitado de o
devorar sobre a pedra lavada. mia para o exterior a epifania do seu corpo
coberto de penas na dança erótica da grande vitória.
“Mio (tanta pena de ti)! ROm.”
“ó ai rom-rom
ó riu miu mui”
cuntinou la bielha tie ambalando l sou nino ambaixo la
cápia de l sol.*
*
fátima vale
Ahhh! i assi se çcribe l miu flofinho de negra bigodaça rrrrOoon... el me ronrrrona; sou un gato feliç...
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