4 de junho de 2012

Ambocaçon pa la Luna Chena an Touro a partir de ls bigotes de Ártemis Gátara

(foto: carlos silva)

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Ambocaçon pa la Luna Chena an Touro
a partir de ls bigotes de Ártemis Gátara


a partir do azul, Janela que entreabre para que o corpo celeste penetre a Casa, invoco a cinta de la raposa e a transparência, para entusiasmo do felis catus que ronrona sobre a Mãe.
o leite sorvido até que o corpo articule a marcha, a mobilidade independente do receptáculo visível, é a continuidade da seiva que se move emotivamente para o vagar das coisas – contemplações; para a
pressa – exaltações da infância terrena que é a vida.
pequenos infantes da mesma ninhada em corpos e cores distintas, compõem a tela terrestre.
apesar da magnitude dos traços, dos movimentos subtis, do entusiasmo, da presa e do predador a que a sobre_vivência  impulsiona, apesar disso e do teatro primordial, do paganismo ou das infecções existenciais, das lutas e das quietudes; do Cosmos, só se avista o azul da Janela. Aberta ou fechada, em correntes altas de Lua Cheia, serenidades celestes ao esplendor Solar, ou manto divino de Selene nas suas variações de humor, forma, em perspectiva telúrica ou da magia nocturna de Hécate, o azul é a cor dominante.

amamentar a preto e branco o Ser já nascido com bigodes, que recebe as ondas mais vibrantes da Natureza, é sorte ao colo da cegueira.
o pequeno felino nasce para não ver, para se não ver. higiene protectora da origem num ambiente atormentado pelo desnecessário. dorme por sistema de conservação de energia.

preto e branco sugere o binómio – dois nomes – Ártemis Gátara. ciosa de si para Si.
a cópula é dolorosa para as fêmeas, contudo atribui-lhes a autonomia da procriação. fecundam óvulos separados que se reflectem na pluricoloração dos filhos.
lamber é um ritual de limpeza. o prazer nasce da despoluição.
possa a humanidade lamber a mente, urinar nos campos sadios, ronronar o infinito de cada percepção  derramar-se no sono como caudal lácteo da selva virgem. Rom.

Amar é criar Rama. Om Namo Rama Om.
é Estar habitado pelos deuses. as divindades exaltam-se entre Si.
subir ao telhado e uivar o cio é guerrear-Se.
o canto atrai as forças, abre canais de Energia Cósmica sobre a pelagem de Ártemis Gátara.
descarregar o cio a céu aberto para atingir a plenitude. Existir virado para dentro do ventre da Mãe.

a deusa Fastet dança a fertilidade em torno das searas da memória.
a Janela é um pedaço de floresta esculpida pelo homem.
Artemis Gátara presencia a Unidade de uma linhagem milenar.
co-habita miando a tolerância, minimizando o artefacto dos dias. no conforto circunscrito só a meditação viaja, descobre novos mundos.
desfazendo a meada, tudo habita nos olhos de um gato mas não se pode morar neles.
a Suspeita arranha e desnuda a veia da ousadia. ROm.

o que a alvura dos bigodes captam a partir da escultura Aberta, só a memória Cósmica lembrará na cadência das estrelas.
nesse altar do mundo em que felis Gátara ronrona redime-se a pequenez no cálice do olhar.
a humanidade formiga-se em torno do frasco de açúcar.
o Sabor é um rio no palato divino, sagra-se no organismo dos Simples. na lembrança da imaginação de um pardal, mia o desejo evitado de o devorar sobre a pedra lavada. mia para o exterior a epifania do seu corpo coberto de penas na dança erótica da grande vitória.
“Mio (tanta pena de ti)! ROm.”
“ó ai rom-rom
ó riu miu mui”
cuntinou la bielha tie ambalando l sou nino ambaixo la cápia de l sol.*

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fátima vale


1 comentário:

  1. Ahhh! i assi se çcribe l miu flofinho de negra bigodaça rrrrOoon... el me ronrrrona; sou un gato feliç...

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